Continuando a transposição dos slides para vocês, deixo aqui os slides sobre os dois últimos ciclos do Romanceiro: o ciclo do diamante e o ciclo da liberdade.
Até sexta-feira, no máximo, deixo para vocês aqui um exemplo de como estruturar o trabalho. Tentarei também emitir cópias para entregar a vocês na próxima semana. Lembrando, como vocês já devem saber, a data de entrega do trabalho ficou para o dia 17/10, a terça-feira após o feriado.
Ciclo do diamante:
O ciclo do diamante é narrado principalmente através da história de Chica da Silva, de seu amante, o contratador Fernandes e do Conde de Valadares. Trata-se de uma passagem relativamente breve, em que o rio Tejuco, fonte de diamantes da época (e por isso, atual Diamantina) lamenta a sorte de seus personagens. Rio e homens, em nova união da natureza com o ser humano, vão compartilhar o lamento.
O fim do ciclo do diamante traz os maus presságios que intitulam o último romance antes da mudança de cenário. Chega-se a hora de se fundarem as Arcádias e da palavra liberdade começar a ser espalhada na região. Neste romance, o eu-lírico critica a vilania dos fidalgos “que reinam mais que a Rainha” e a exploração abusiva da região “Sobre o tempo vem mais tempo. / Mandam sempre os que são grandes: / e é grandeza de ministros / roubar hoje como dantes. / Vão-se as minas nos navios... / Pela terra despojada, / ficam lágrimas e sangue”.
Ciclo da liberdade:
Com o Cenário após o Romance XIX insinua-se o mau tempo vindouro para a liberdade, freqüentemente retratada como luz, assim como a razão. A névoa “chega, envolve as ruas, / move a ilusão de tempos e figuras” e “vai formando / nublados reinos de saudade e pranto.”
A este Cenário lúgubre, segue-se a Fala à antiga Vila Rica e os romances que contam a criação das Arcádias, templo para nascerem as idéias, que vão se espalhando no fim das estrofes como se espalharam pela cidade. A idéia de liberdade se espalha e leva o povo a tentar ter sua própria riqueza, ainda que através de diamantes extraviados.
Morre um príncipe de Portugal, filho de D. Maria I, a rainha louca, e esta é também uma esperança que morre. Nas exéquias (ritos fúnebres) do príncipe, muita agitação. Alguma coisa está sendo tramada - "já ninguém quer ser vassalo". Por isso as idéias começam a se transformar em ações e a formular a bandeira da Inconfidência. Inicia-se a semana santa de 1789 e, com ela, a caracterização dos personagens envolvidos: o Alferes (Tiradentes), Joaquim Silvério, Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Marília, o Embuçado (personagem folclórico cuja veracidade não se conhece, que teria tentado salvar Cláudio Manoel da Costa) além dos tipos populares da cidade: as velhas piedosas, os tropeiros, as pilatas (prostitutas), as sentinelas, os delatores, e personagens menores do período (Francisco Antônio, o sapateiro Capanema, o padre Rolim).
Sem seguir uma ordem cronológica clara, os poemas vão se alternando, apresentando os diversos pontos de vista sobre os mesmos eventos.
Com os romances dedicados aos personagens vão se alternando ainda os que narram os eventos (conversas indignadas, seqüestros de bens, sentenças, o leilão dos bens de Tiradentes, seu enforcamento – em 21 de abril de 1792, três anos depois de ser preso - e esquartejamento) e os poemas avaliativos (Fala aos pusilânimes, Do jogo de cartas, Das palavras aéreas, Da reflexão dos justos).
Ambição gera injustiça.
Injustiça, covardia.
Dos heróis martirizados
nunca se esquece a agonia.
Por horror ao sofrimento,
ao valor se renuncia.
E, à sombra de exemplos graves,
nascem gerações opressas.
Quem se mata em sonhos, esforço,
mistérios, vigílias, pressas?
Quem confia nos amigos?
Quem acredita em promessas?
Que tempos medonhos chegam,
depois de tão dura prova?
Quem vai saber, no futuro,
o que se aprova ou reprova?
De que alma é que vai ser feita
essa humanidade nova?
Epílogo:
O Epílogo, como já estudamos ao nos debruçarmos na estrutura do texto épico, é a parte final de um poema narrativo, na qual o narrador (ou eu-lírico, no caso do texto de Cecília) faz uma avaliação final dos eventos por ele contados. Este epílogo, porém, ao invés de ser apenas um poema, compõe-se de vários, os quais contam os destinos dos personagens envolvidos. Podemos, por isso, também chamar esta parte de Destinos.
Novamente a transição do ciclo da liberdade para o epílogo é feita através de um Cenário. Trata-se de um ambiente ermo, abandonado e já sem vida, como ficaram as Minas após as penas aos inconfidentes (as mortes e os degredos).
Seu início se dá com as falas dos maldizentes, que comentam o destino dos inconfidentes e, depois, o destino de Gonzaga, que, após prisão na masmorra da Ilha das Cobras foi degredado para a África negra (Moçambique), onde se casou com Juliana Mascarenhas. Neste epílogo apresenta-se também o destino de Marília (Maria Dorotéia), inconformada com as notícias do casamento. Ela se desfigurou pelo tempo (olha o carpe diem!) e pela Inconfidência e finaliza o poema com seu testamento.
Outro destino apresentado é o de Alvarenga Peixoto (também poeta, cujo pseudônimo era Alceu, desterrado em Angola ), Dona Bárbara Eliodora, sua "estrela do norte" e de Maria Ifigênia, filha do casal.
A eles segue-se uma mudança de cenário para se apresentar o destino de D. Maria I, que mandara executar os inconfidentes da sua coroa, acaba se tornando prisioneira do seu próprio destino: ela que executava tantos, com masmorras , desterros, forcas, torna-se prisioneira da loucura.
Por fim, vem a Fala aos Inconfidentes mortos, avaliação final dos eventos narrados, num cenário desolador e triste, quando nada mais resta dos sonhos e ideais pretéritos.
Treva da noite,
lanosa capa
nos ombros curvos
dos altos montes
aglomerados...
Agora, tudo
jaz em silêncio:
amor, inveja,
ódio, inocência,
no imenso tempo
se estão lavando...
não, não se avistam
Grosso cascalho
da humana vida...
(e covardias!)
vão dando voltas
no imenso tempo -
à água implacável
do tempo imenso,
rodando soltos,
com sua rude
miséria exposta...
Parada noite,
suspensa em bruma:
os fundos leitos...
Negros orgulhos,
Mas, no horizonte
ingênua audácia
do que é memória
e fingimentos
da eternidade,
e covardias
referve o embate
de antigas horas,
de homens antigos.
E aqui ficamos todos contritos,
a ouvir na névoa
o desconforme,
submerso curso
dessa torrente do purgatório...
Quais os que tombam,
em crimes exaustos,
quais os que sobem,
purificados?
Agora, tudo jaz em silêncio: amor, inveja, ódio, inocência, no imenso tempo se estão lavando, declara a poetisa na Fala aos inconfidentes mortos. No horizonte eterno há de ficar sempre o anseio de liberdade, e só o purgatório do tempo está apto às ações vis e nobres dos homens da terra.
4.10.06
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Um comentário:
será q vc podia postar como é pra fazer o trabalho? :P
é pra fazer um diário de como cecília meireles teve a inspiração de redigir o livro?
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