20.9.07

Arcadismo

Para terminar a revisão, vou deixar a postagem sobre Arcadismo, este movimento do século XVIII também chamado de Neoclassicismo ou Setecentismo.

O Arcadismo é um movimento que ilustra uma importante transição na história ocidental: a da sociedade aristocrática para a sociedade democrática. Sua história acompanha a formulação dos pensamentos iluministas e democráticos de filósofos como Jean-Jacques Rousseau, Voltaire e Diderot, que resultam nas insurreições políticas da burguesia, a qual se declara independente do jugo europeu (com a declaração da independência em todas as nações americanas - começando-se pelos Estados Unidos) e independente do jugo da aristocracia (o que ocorre na Revolução Francesa).

Este ideal de renovação e inovação na ordem social do mundo, na arte, vai se concretizar com a rejeição à estética elitista, confusa e prolixa do Barroco. Como referência, os autores árcades vão ter a sobriedade e o equilíbrio dos autores do Classicismo. E como avanço vão buscar uma linguagem mais simples e direta (inutilia truncat), a vida humilde - típica do povo, do bom selvagem de Rousseau, da grande massa que deve ter o poder - (aurea mediocritas) e o ambiente campestre (fugere urbem), onde esta vida humilde vai poder se manifestar plenamente, visto que longe do materialismo e superficialidade da corte.

Por estes motivos, e para buscar uma convenção, uma imagem única que traduza os ideais de simplicidade e humildade campestre, é que os autores do Neoclassicismo vão se inspirar no ambiente da Arcádia grega. Trata-se de uma aplicação da teoria de Rousseau: que tipo humano pode ser considerado puro de alma, pois está longe da civilização? Na Europa, a resposta encontrada é o pastor grego, que vive não apenas num ambiente propício à manutenção de sua nobreza de alma.

Aqui no Brasil, reproduzindo este convencionalismo da arte européia, nossos árcades também vão explorar a figura do pastor na poesia lírica. Já nos textos épicos dão o primeiro passo de brasilidade, de consciência sobre a identidade nacional, transformando este pastor no índio (que também vive, longe da civilização e dos apelos materiais, uma vida simples e humilde, em contato com a natureza).

Esta consciência de brasilidade, bem clara na poesia épica e satírica do Arcadismo, na lírica não se faz tão perceptível. Nossos autores, dos quais se destacam Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, reproduzem as mesmas convenções dos poemas árcades europeus, em que o pastor, eu lírico do poema, convida a pastora amada, em tom sóbrio (com contenção emocional), para desfrutarem do momento (carpe diem), já que, depois do Barroco, não se poderá esquecer mais que a vida é breve e que a juventude e os momentos felizes fatalmente acabarão.

O que diferencia, então, a poética árcade da barroca, se esse elemento do carpe diem é comum a ambas? Observe:

* Barroco -> é uma escola literária que se fundamenta na visão de mundo da Contra-Reforma. Daí que se expressa de forma exagerada, devido à grande tensão diante do principal dilema humano: aproveitar a vida terrena e seus prazeres ou se preparar, através da abstenção destes prazeres, para uma vida espiritual no paraíso?
Além disso seu público leitor é a elite aristocrática, o que torna sua expressão estética exagerada (usando muitas figuras de linguagem), rebuscada, elitista.

* Arcadismo -> é uma escola literária que se fundamenta na visão de mundo do Iluminismo, o qual, por sua vez, reproduz os ideais greco-romanos de equilíbrio, contenção dos exageros e de racionalismo. Não há dilemas na vida humana, porque através da razão e do equilíbrio o homem consegue ordenar e dosar todos os opostos, podendo, portanto, conciliar tanto a vida terrena e os desejos a ela relacionados, como a vida espiritual.
Visto que o público leitor deste movimento é a burguesia, sua expressão é simples, objetiva e direta, opondo-se, portanto, ao estilo Barroco, especialmente o cultista.

Além desses elementos, é importante lembrar também que os dois principais autores árcades brasileiros, Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, ilustram também os pontos de partida e o destino para o qual, futuramente, rumará a literatura brasileira, prestes a entrar na Era Nacional (quando o Arcadismo der lugar ao Romantismo). Cláudio Manoel da Costa, cujo estilo individual tem ecos do Seiscentismo, é o autor que melhor ilusta a cópia do convencionalismo europeu. Sua inspiração por uma mulher de perfil abstrato, a quem ele chama de Lise ou de Nise, é uma reprodução típica da literatura feita em Portugal e no restante da Europa, lembrando, inclusive, o estilo camoniano. Tomás Antônio Gonzaga, por sua vez, ilustra o que está por vir nos anos seguintes. A liberdade formal de algumas de suas liras (poemas líricos) em Marília de Dirceu será aprofundada pelos autores românticos, bem como a incorporação dos elementos de vivência pessoal (a prisão do poeta) à expressão artística (a segunda parte de Marília de Dirceu). Daí que muitos afirmam que Gonzaga é, também, um autor de influências pré-românticas.

É isso, gente. Ainda bem que pude deixar tudo aqui hoje. Espero que vocês possam aproveitar como apoio para o estudo. E estudem! ;)

Deixo, abaixo, o comentário das duas questões da ficha 7. Fiquem com Deus e façam uma boa prova sábado!


Ficha 7

Questão 1 - A questão pede que se apontem as afirmativas corretas. Analisemos cada uma então:

"A primeira estrofe do poema contrasta a agitação do ambiente urbano com a agitação do ambiente rural." -> Perfeita a análise. Nos dois primeiros versos, o eu lírico caracteriza um ambiente cansativo e barulhento, afirmando, nos versos seguintes, que prefere ir tentar a sorte no campo, para conseguir melhorar sua vida.

"O primeiro terceto critica a vida superficial do ambiente aristocrático, em que as aparências são valorizadas." -> Também está correta. A estrofe em questão menciona a valorização das roupas, a ostentação, a vaidade, e afirma que estas coisas são enganadoras.

"Seguindo o ideal de simplicidade na linguagem, o soneto marca-se pela ausência de metáforas e de hipérbatos." -> Parcialmente correta, parcialmente incorreta. Há, realmente, ausência de metáforas, mas não de hipérbatos, o que se pode perceber em versos como "Canse embora a lisonja ao que ferido / Da enganosa esperança anda magoado"

"O texto expressa uma inadaptação do eu lírico ao mundo que o rodeia." -> Esta afirmação resume bem a sensação do eu lírico na cidade e daí a sua procura pelo ambiente campestre.

"O princípio árcade predominante nas idéias deste soneto é “fugere urbem”." -> Como o princípio do fugere urbem significa "fugir da cidade", a afirmação é perfeitamente correta.

A única afirmação incorreta é o item 3, sendo, portando, correta a alternativa E.


Questão 2 - O comando da questão é idêntico ao anterior, então vamos seguir o mesmo procedimento.

"Possui versos descritivos repletos de idealização" -> Isso se comprova ao observarmos como a imagem de Marília é criada de forma perfeita, numa perfeição antinatural e exagerada, o que percebemos na relação entre a luz dos olhos de Marília e a luz do sol.

"Utiliza aspectos da natureza tropical para compor os traços físicos da amada, no que destoa da tradição descritiva do Arcadismo." -> Incorreto. Neve não é um elemento da natureza tropical.

"Exprime claramente o ideal do “carpe diem” " -> O texto faz apenas a descrição física de Marília. Não há nenhuma menção ao fato de aproveitarem a vida, o que torna a afirmação incorreta.

"Revela a preocupação em exaltar um ideal de vida simples." -> Incorreto, pelo mesmo motivo apontado no intem anterior.

"Não apresenta versos brancos." -> Correto. Os versos brancos são aqueles que não rimam com nenhum outro. Como todo o trecho apresenta rimas alternadas, a afirmativa é perfeita.

São corretas apenas as afirmações I e V, o que leva à alternativa A.

Gregório de Matos e Padre Vieira

Coisinhas mais lindas (e barulhentas) que eu tenho!
Acharam que eu ia abandonar vocês antes da prova? Vou não! Só vou ter que deixar tudo aqui hoje, de uma vez só, pois não terei outra brecha.

Vou começar esse post com Gregório de Matos e aproveito o espaço também para revisarmos a produção do Padre Antônio Vieira. No final, deixo o comentário dos exercícios das fichas destes dois autores.

Gregório de Matos é o principal poeta brasileiro do período barroco. Padre Antônio Vieira é um dos maiores expoentes da prosa doutrinária européia, e um escritor de textos não-literários estudado tanto na Literatura Brasileira como na Portuguesa, visto que, nascido em Portugal, morou no Brasil por muitos anos, dividindo sua formação educacional nos dois países. Portanto, enquanto Gregório só produz versos, Vieira só produz prosa não-literária.

Não produzindo literatura, portanto, não podemos dizer que há lirismo em Vieira. Mas, assim como a poesia lírica, seus sermões refletem uma visão de mundo a partir de um ponto de vista pessoal. A grande diferença, além da questão artística, é que enquanto a poesia lírica apenas externa esta visão, a prosa doutrinária (texto organizado em frases e parágrafos que tem o propósito de ensinar princípios religiosos) vai além: externa e tenta convencer o leitor/ouvinte que aquela é a visão de mundo que ele deve seguir.

Essa tentativa de convencimento do leitor é típica da corrente estética conceptista, da qual Vieira é o grande expoente no Brasil. O conceptismo (quevedismo, na Espanha) é a corrente estética do Barroco que privilegia o conteúdo do texto, suas idéias (conceitos - daí o nome) e busca a clareza do raciocínio. Para se assegurar desta clareza, os autores do conceptismo costmam usar muitos exemplos, analogias, comparações e alegorias. E Vieira, nos sermões, particularmente, usa também as perguntas retóricas, que são aquelas perguntas que encerram, no contexto, na verdade, uma afirmação.

Mas e aqueles textos de Gregório de Matos, que é cultista, em que predomina o conceptismo, Bianca?

Esse é um ponto ótimo para ser lembrado! Realmente, embora Gregório de Matos seja um autor cultista, em muitas de suas obras predomina o conceptismo. Geralmente estas obras são os poemas da lírica religiosa em que ele se dirige a Deus (importante notar que é quando Deus é o receptor do texto) e tenta convencê-lo a perdoar seus pecados. Como é necessário, para que o seu pedido seja atendido, que este "leitor presumido" possa acompanhar o raciocínio do eú lírico e ser envolvido por ele, Gregório, nestes poemas, enfatiza a clareza do conteúdo e, assim como Vieira, nos sermões, usa exemplos e comparações para ilustrar seu raciocínio.

Portanto, não só Vieira se aventura na apresentação do ponto de vista do homem seiscentista a respeito da relação do homem com Deus, como também Gregório de Matos fez isso. A diferença principal nessa relação com a religiosidade é que Vieira procura orientar os pecadores, enquanto Matos se posiciona como pecador que procura o perdão, a expiação espiritual (purificação através do sofrimento) e como homem que remoi a insignificância e fragilidade de ser homem, diante da onipotência e eternidade divina. O homem, na poesia religiosa de Gregório de Matos, é o , que está destinado a voltar a ser , a ser nada, enquanto Deus é a fonte da qual emana a eternidade. Oposição típica do Barroco, não é mesmo?

Além da poesia lírica religiosa, Gregório de Matos também se aventurou pela lírica amorosa, como já mencionei no post anterior, sobre Camões, e pela lírica filosófica. Na primeira, o autor vai registrar a oposição entre o desejo e a adoração neoplatônica, entre os dois tipos de amor de que Camões já falava, mas, desta vez, com uma tensão muito maior. Isto porque não apenas sucumbir ao desejo é vivenciar uma forma inferior de amor, como era para Camões, nos textos em que predominava a visão neoplatônica, mas especialmente porque, para o homem Barroco, sucumbir ao desejo é sucumbir ao pecado, é sujeitar-se ao inferno. Daí que, em muitos poemas amorosos, o Boca do Inferno afirma preferir ficar cego a ver a beleza da mulher amada e sentir-se tentado por ela, como no soneto abaixo:

Não vira em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura:

Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma mulher, que em Anjo se mentia;
De um Sol, que se trajava em criatura:

Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me,
Se esta a cousa não é, que encarecer-me
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me:

Olhos meus, disse então, por defender-me,
Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes olhos cegeueis, do que eu perder-me.

Na lírica filosófica, por fim, Gregório de Matos expõe as angústias do homem barroco diante da fragilidade humana, da condição passageira de todas as coisas. Trata-se de uma primeira abordagem do tema do carpe diem, do Arcadismo, mas que ainda não é carpe diem, no Barroco. Isto porque carpe diem é aproveitar o momento, e o homem Barroco teme se aventurar por essa fruição e acabar cometendo pecado. No Barroco, essa questão do carpe diem é, na verdade, um lamento, não uma fruição: o poeta lamenta que as coisas sejam passageiras, que a beleza física se acabe e que tudo vá terminar em pó, em nada, como o próprio Gregório de Matos afirma num dos poemas filosóficos.

Uma dica: se a finitude do homem é apresentada num texto sem o uso de imagens religiosas ou a referência direta a Deus, trata-se de um poema da lírica filosófica de Gregório de Matos, ok?

Agora os comentários sobre as respostas das fichas 4 e 5.

Ficha 4

Questão 1 - A condição humana foi abordada no poema a partir de uma perspectiva religiosa, já que existe a referência direta à Igreja. Ilustra, portanto, ideais católicos e contra-reformistas, que excluem diretamente as respostas E e A. A primeira porque menciona "deuses", ou seja, politeísmo, paganismo. A segunda porque afirma que os valores divinos estão em falência, ou seja, que o homem não acredita no poder que emana de Deus, o que contraria a religiosidade do homem seiscentista.
Analisando, a partir desta eliminação, as alternativas restantes, a questão se torna mera interpretaçaõ de texto. Não há referência ao tipo de fim (inferno ou céu) que o homem terá. Portanto, o item C não atende à questão. Também não há referência, no texto de Gregório de Matos, a um comportamento caridoso. Isto elimina, também, o item D.
Resta, portanto, o item B. A interpretação feita nele é perfeita: o texto afirma que Deus faz o homem do pó e que, naquele dia (provavelmente a quarta-feira de cinzas), revela ao homem sua natureza insignificante e inconstante. O primeiro verso, por sua vez, demonstra a inconstância, a efermeridade da vida: o homem é terra e há de se tornar terra, ou seja, sua existência terrena vai passar e ele vai voltar à terra, através da morte, do enterro e da decomposição.

Questão 2 - Nesta questão, a eliminção pode começar a ser feita sem sequer haver a leitura do poema. Isto porque o culto à natureza, do itrem A, não é uma característica do movimento Barroco, e pode ser descartada imediatamente. Os itens B e E também, por dois motivos:

1 - Embora sejam recursos usados pelo Barroco, são também usados por muitas outras escolas literárias. As rimas alternadas não definem, em si, o período em que se produziu um texto. Já a aliteração é uma característica marcante de um movimento literário sim, mas do Simbolismo, que ocorreu no fim do século XIX e é assunto para vocês apenas no ano que vem.
2 - Nenhum deles foi usado no texto: as rimas são emparelhadas e não houve uso de aliterações.

Restam, pois, os itens C e D. O amor cortês pode aparecer no Barroco, como forma de amor neoplatônico e culto a uma dama inacessível. Asim são muitos poemas amorosos de Gregório de Matos. Mas a estrofe em questão não possui temática lírico amorosa, o que descarta a hipótese.

Confirmando a resposta, o item C menciona a forte presença de antíteses, figura de linguagem que, junto com o paradoxo, vai relacionar os opostos que formam a realidade e que foi ostensivamente usada no século XVII. Estas idéias opostas estão presentes no poema nos pares diz x noite, luz x sombras, tristeza x alegria. Perfeita, portanto, a resposta C.


Ficha 5

Questão 1 - O tema é a palavra de Deus, ou, mais precisamente, o frutificar da palavra de Deus. A questão é, porque, com tantos pregadores, não frutifica mais a palvra de Deus.

Questão 2 - Ele compara a palavra de Deus e os corações dos homens, à semente e aos caminhos, respectivamente.

Questão 3 - A citação direta à fala de Cristo: "Diz Cristo que a palavra de Deus frutifica cento por um". Este argumento de autoridade se baseia numa proposição de fé dogmática, a qual nenhum católico do século XVII vai contestar.

Questão 4 - Na nova comparação, ele introduziu um terceiro elemento, o pregador e através da repetição dos exemplos enfatiza a importância deste elemento no frutificar da palavra divina. A importância está no direcionamento argumentativo que o texto vai ter, pois Vieira afirma que a responsabilidade pelo pouco fruto da palavra de Deus não pode ser de Deus e também não é dos homens.

Questão 5 - Por eliminação, pode-se perceber que Vieira vai tentar comprovar que a culpa é do pregador.

Questão 6 - A chave para responder esta questão é identificar o que é idéia central e o que é idéia secundária. O item B é uma citação que o autor fez e que expressa a conclusão que ele tem sobre o assunto, mas que se aplica a uma situação específica. O item A express aa valiação que o autor faz a respeito de um tipo de ladrão, como ele identifica no texto.
O item C, por sua vez, mostra a opinião geral que o autor tem sobre o assunto, e que ele tenta comprovar através de elementos como os anteriores. Uma prova que o roubar pouco é culpa e o muito é grandeza é que os grandes imperadores são ladrões de cidades e reinos, e eles não são condenados por seus atos, enquanto que aqueles que roubam apenas um homem o são. Outra prova é o que acontece com eles: os grandes são poderosos e condenam os pequenos por isso. Portanto, o item C apresenta a visão geral do autor sobre o tema.

Questão 7 -
a) " Navegava Alexandre, o Grande, em uma poderosa armada a conquista a Índia quando foi trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores. Repreendeu-o muito Alexandre por andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? "

b) "Não só são ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que vão se banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam exércitos e legiões ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força roubam e despojam os povos. "