21.8.08

Comentário das questões - Fichas de exercícios 13 e 15

Ficha de exercícios 13

Questão 1
Gabarito: C

Comentários:
Vieira afirma que para ele "não há escravo que não seja matéria de profunda meditação". Portanto, impossível pensar que ele afirma não existirem escravos no Brasil. O que ele percebe é que há escravos mais miseráveis que os outros "e mais quando vejo os mais miseráveis".
Vieira defendeu a abolição dos escravos indígenas, não dos escravos negros. No texto, o atingir a liberdade não é mencionado, a não ser na segunda vida, a vida espiritual.
Vieira reitera, no segundo parágrafo do texto, vários elementos que mostram que os escravos são homens como todos os outros. São filhos do mesmo Adão e da mesma Eva, suas almas foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo e seus corpos nascem e morrem os de todos os homens livres.
Os escravos estão todos, segundo Vieira, "devotos e festivais diante dos altares da Senhora do Rosário".


Questão 2
Gabarito: C

Comentários:
As torturas mórbidas descritas por Vieira foram aplicadas aos mártires da igreja católica, pelos romanos. Não se relacionam com nenhuma realidade do inferno.
O Barroco não busca o prazer, mas a contrição. A dramaticidade e a tensão entre os opostos não permite que esta arte atinja a harmonia.

Fique ligado! Essa questão pedia os itens INCORRETOS!


Questão 3

Item A
O tema, contido no tópico frasal (primeira declaração do texto), é o não fazer fruto da palavra de Deus. Isso signfiica que provavelmente o excerto é do Sermão da Sexagésima.

Item B
Os elementos que Vieira quer diferenciar são "pregador" e "o que prega". Para isso ele mostra a diferença entre "semeador" e "o que semeia", "soldado" e "o que peleja", "governador" e "o que governa". A diferença, para ele, é que enquanto uns têm apenas o título, e não executam aquilo que se espera da função, os outros, embora não tenham esta função social, são aqueles que realmente se tornam soldados, governadores e semeadores, porque é a ação que define o homem e seu caráter.


Questão 4

Item A
Um texto com função conativa/apelativa é um texto que visa convencer o leitor a fazer alguma coisa ou pensar de alguma forma. Para fazer isso ele usa argumentos e emprega verbos no modo imperativo.


Item B
Reparai

Item C
Modo imperativo, 2ª pessoa do plural



Questão 5
Gabarito: E

Comentários:
Usar os peixes como exemplo das ações humanas é uma alegoria. A afirmação "Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos outros" encerra em si uma comparação. O texto de Vieira usa seus recursos estilísticos e estéticos para persuadir o ouvinte, sempre.
Para se tentar convencer alguém, é preciso haver esse "de quê" a respeito do qual a pessoa precisa ser convencida. O homem barroco, no Brasil e em Portugal, deve ser convencido a ter uma vida contrita, ligada a Deus, com profunda introspecção religiosa. Esse é um resgate de um comportamento medieval, que se opõe à mistura de influências pagãs (greco-romanas) e medievais que aconteceu no Renascimento.
Para atingir a dramaticidade basta o apelo às emoções, coisa que Vieira sempre faz. E exercer uma didática moralizante é tentar ensinar o homem aquilo que é certo.
A cobiça humana é citada textualmente, um tema fácil de identificar. O conceptismo é a vertente estética de Vieira.



Questão 6
Gabarito: E

Comentários:
Vieira é um padre católico apostólico romano durante a vigência da Contra-Reforma. Ele não se liga a ideais antropocêntricos, renascentistas, nem acredita que a ambição humana é algo positivo.
No trecho, a expressão "maior que" forma uma comparação.



Ficha de exercícios 15


Questão 1
Gabarito: A

Comentários:
O texto não possui temática religiosa. As informações a respeito da poesia religiosa do século XVII (ou seja, barroca) estão incorretas, pois descrevem uma preocupação típica do Quinhentismo.
A poesia neoclássica é a poesia do século XVIII, do movimento conhecido como Neoclassicismo ou Arcadismo. Portanto, já não se relaciona a Gregório de Matos. Além disso, não há n texto uma tendência pedagógica, pois o eu satírico não intenta ensinar como se deve proceder, apenas criticar o comportamento que existe na sociedade de sua época.
Como o texto não possui temática religiosa, não pode se relacionar com a temática do pecado e do perdão.
Se o texto é barroco, não pode ser neoclássico. As reflexões de Gregório de Matos sobre o perfil moral baiano nunca possuem tom lírico (sentimentalista), mas sempre satírico.


Questão 2
Gabarito: B

Comentários
O poeta comenta no texto que Salvador se tornou próspera, mas não de que maneira isso aconteceu. Portanto, não atribuiu essa prosperidade a nenhuma razão específica.
Matos não repudia os portugueses como colonizadores, mas como usurpadores dos bens da colônia, e não nesse texto, mas em outros poemas. Da mesma forma, ele não defende índios e negros. Sua sátira tem muitas conotações preconceituosas contra os negros, os mestiços e os índios, o que ele demonstra no poema ao mostrar que essa prosperidade e nobreza da Bahia é falsa, por se basear nos escravos e nos gentios.


Questão 3
Gabarito:FVFFF

Comentários:
O eu poético não prega a insanidade, a loucura. O que ele chama de insanidade é o fato de o comportamento errado do ser humano ser mais forte e mais perene do que o comportamento correto. Contra esse comportamento ele se manifesta, lamentando que assim sejam as leis do mundo e que o errado prevaleça sobre o certo.
A visão de Matos sobre a Bahia nunca é complacente, maleável, condescendente, benigna.
Se o texto se esgotar no tempo e no espaço, não se pode perceber que a realidade que ele descreve vale para o momento atual, ou outros momentos da existência humana. E, claro, isso não é verdade.
O individualismo acaba sendo postivo, porque significa não andar como os outros, ou seja, errado. Mas também há a percepção de que essa é a atitude mais difícil, e que mais cômodo é para o indivíduo não ser sério (sisudo) e se tornar louco (errado) como os demais.


Questão 4
Gabarito: D

Comentários:
Aqui vale mais comentar o próprio gabarito, já que é a única afirmação incorreta. O Barroco é um movimento espiritualista, não materialista. Sua visão de mundo é pautada na fé e na emoção, e não na razão.


Questão 5
Gabarito:D

Comentários:
Embora na primeira estrofe, ou seja, o primeiro quarteto, também haja havido a disseminação, ou seja, o lançamento de termos, não há alternativa que mencione os dois quartetos e o primeiro terceto. As palavras lançadas são Sol, Luz, formosura e alegria, mencionadas nas duas primeiras estrofes e recolhidas na terceira. Por falta de gabarito melhor, fica o item D.


Questão 6
Gabarito: B


Comentários:
Embora mencione as religiosas e as festividades de caráter religioso, este não é um texto religioso, já que a ambigüidade da palavra passarinhos satiriza o celibato das freiras.
As décimas são as estrofes de 10 versos. Elas não costumam dispensar a rima, seguindo, geralmente, o esquema ABBAACCDDC, em que rimas interpoladas e emparelhadas (AA, BB, CC) se misturam. Isso vocês podem comprovar na décima da ficha e nos textos religiosos de origem medieval da ficha anterior.
Não houve uso de antítese no texto.


Questão 7
Gabarito: D

Comentários:
A única alternativa em que já o uso de antítese é a D, que por sinal é a única em que o excerto pertence a um poema de Gregório. O primeiro texto não consegui descobrir a fonte; o segundo faz parte de um belíssimo soneto de Carlos Drummond de Andrade; o terceiro, pela sua musicalidade e espiritualismo transcendente é um texto de características simbolistas, movimento da transição do século XIX para o século XX; o último possui uma relação profunda com o cotidiano, irreverente, típica do Modernismo, movimento do século XX.


Questão 8
Gabarito: A

Comentários:
Versos com linha reta e pura seguem a ordem direta, não o hipérbato. O soneto é cultista, portanto, não tem clareza de forma.
As imagens são complexas, paradoxais. Não há bucolismo, ou seja, a representação do espaço sereno do campo.
Como as imagens são paradoxais, não podem ser verdadeiras. Um rio de neve não se converte em fogo de verdade. A expressão é rebuscada e não natural. E o Barroco é emocional, não racional.
Não há ordem, há confusão, expressa no hipérbato. Não há harmonia, pois não há equilíbrio nas emoções. Não há razão, mas emoção profunda. O Barroco se opõe ao Renascimento.

Nenhum comentário: