8.9.06

Romanceiro da Inconfidência

Como vocês pediram, vou deixar os slides da aula sobre o livro. A cada dia, nesse feriadão, deixarei para vocês um slide, para que os posts não fiquem excessivamente longos. Qualquer dúvida, gritem! : )

Tema
O tema principal é a própria Inconfidência Mineira que dá título à obra. Porém, para escrever sobre isto, Cecília Meireles busca o passado mais remoto de Vila Rica (Ouro Preto), que se inicia com a descoberta do ouro, envolve a caracterização da sua sociedade no século XVIII, descreve o levante republicano dos inconfidentes e suas principais figuras humanas e narra o fim trágico.
A digressão histórica é importante porque ao fim de cada etapa histórica narrada, há o mesmo movimento de opressão por parte de quem tem poder. A cada vez que a população, a massa, sonha com riqueza e prosperidade, há uma desgraça, como a de Felipe dos Santos e a do contratador Fernandes, que prenunciam o destino dos inconfidentes. É como se Cecília, com essa repetição de estrutura narrativa, lembrasse-nos que no Brasil, a história sempre se repete: os ricos e poderosos lutam para manter seu poder a qualquer custo e a grande massa segue sofrendo, eternamente alijada das preciosidades que pode encontrar no mundo. Seja, elas de ouro, de diamante, ou de liberdade.

A visão do tema
A perspectiva que a autora apresenta sobre o tema no conjunto de poemas é uma visão dramática e lírica dos eventos. Não esqueça: O “Romanceiro da Inconfidência” é um texto que parte de uma reflexão sobre a história concreta do levante mineiro e alcança uma dimensão lírica, tornando-se uma interrogação sobre o sentido das ações humanas. Não é um texto que se limita a lamentar o que houve, mas sim ao conjunto de elementos que, sempre se repetindo, perpetuam as desigualdades sociais e o sofrimento dos poucos que sinceramente lutam pela causa.


Estrutura

Cenários
São poemas que descrevem ambientes e marcam as mudanças de atmosfera no romanceiro. Nos cenários ocorrem um ponto alto de lirismo, em que o “eu” reflete sobre o espaço para nele localizar os acontecimentos. É como se o ambiente físico e o eu-lírico se comunicassem em lembranças, conversassem, compartilhassem da mesma visão piedosa dos acontecimentos. Isto nos lembra muito a relação homem-natureza do período árcade, em que a natureza é um elemento vivo, cheio de alegria e vida, e que entra em comunhão com o estado pérpetuo de carpe-diem do eu-lírico. Aqui, embora os sentimentos sejam outros, ocorre a comunicação entre ambos.
Lembre-se: cada cenário representa uma transição para uma nova etapa do poema. Assim, a primeira parte, conhecida como ciclo do ouro, é introduzida por um cenário. Quando o próximo cenário surgir, começa a etapa seguinte, o ciclo do diamante, e mesmo com as demais etapas do texto.

Falas
São poemas em que o eu-lírico intervém na narrativa, tecendo comentários e convidando o leitor a refletir sobre os fatos revividos no relato. As falas não têm a mesma regularidade de distribuição que os cenários. Um mesmo ciclo (ou etapa da narração) pode apresentar mais de uma fala.

Romances
São os oitenta e cinco poemas que reconstituem a história, compondo seu fio narrativo. Os romances não são dispostos, necessariamente, na seqüência cronológica dos acontecimentos: ora aparecem isolados, ora constituem-se em verdadeiros ciclos (o de Chica da Silva, o do Alferes, o de Gonzaga, o da Morte de Tiradentes, o de Gonzaga no exílio).
Muitas vezes (especialmente na Morte de Tiradentes) há uma seqüência de romances de mesmo tema, que apresentam as vozes internas das diversas pessoas envolvidas nas cenas narradas. Estas vozes internas geralmente estarão assinaladas ou com itálico ou por parênteses.

4 comentários:

Anônimo disse...

Bianca por favor coloca alguma coisa sobre caramumu aí! bjus!

Anônimo disse...

adorei esse resuminhu +... vc pod clk as diferenças?plx
bjox

Unknown disse...

Que relação o a obra tem com o barroco e o neoclassicismo?

Professora Bianca disse...

Com o Barroco, nenhuma. Com o Neoclassicismo, bem... O contexo histórico do Neoclassicismo brasileiro é justamente o contexto da Inconfidência. Todos os nossos poetas líricos da escola mineira estavam mais ou menos ligados ao movimento revolucionário, sendo os grandes nomes (Gonzaga, Costa, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto) punidos como traidores.