17.6.07

O Guarani

Olá pessoas,

Desculpem a ausência, mas estou me recuperando de uma crise brabinha de asma. Como ficou prometido um material sobre O Guarani para a aula de sábado, e promessa é dívida, olha os slides aí.

E antes que alguém se sinta seguro: é CLARO que o resumo NÃO está completo e é CLARO que só estudar por aqui NÃO é o suficiente para fazer a semestral. LEIAM o livro! : )

Beijinhos e até amanhã!


O Guarani é um livro que se insere, mutuamente, na classificação de indianista e histórica da prosa romântica. A produção do Romantismo em prosa não tem classificação em gerações, mas sim em temas: prosa urbana (ou de costumes), regionalista, histórica e indianista. O Guarani se encaixa nestas últimas duas porque recria elementos da história do Brasil (D. Antônio Mariz, por exemplo, realmente existiu, e se retirou do Rio de Janeiro para a Paraíba quando Portugal perdeu a independência e ingressou na União Ibérica) e faz a exaltação do índio "bom selvagem". Sendo um romance, apresenta várias inovações estruturais em relação aos textos narrativos que fizeram parte da Era Clássica da Literatura. Vamos relembrá-los:


Gêneros Literários da Era Clássica da Literatura:
· lírico
· dramático
· épico


Gêneros Literários da Era Moderna da Literatura:
· lírico
· dramático
· épico
· narrativo (romance, novela, conto, crônica)


Romance x Epopéia:

Estrutura:
1. Romance: prosa e capítulos
2. Epopéia: versos e cantos

Conteúdo:
1. Romance: variado, visa satisfazer a imaginação do leitor
2. Epopéia: texto de cunho nacionalista

Herói:
1. Romance: símbolo de humanidade, através da conquista individual satisfaz o desejo de conquista individual do leitor, através da cartase
2. Epopéia: símbolo da civilização, através da conquista individual promove uma conquista coletiva, satisfazendo o desejo de identidade nacional do seu povo.


Para ficar bem clara essa distinção em termos de conteúdo e da posição de herói, deixem-me esmiuçar esses elementos. A epopéia, como estudamos, é um texto que serve, principalmente, para se exaltar os feitos de uma nação, através da conquista de um herói que simboliza essa nação. Assim, quando Vasco da Gama conquista o oceano Atlântico em Os Lusíadas, a vitória não é só de Gama, mas de Portugal. O romance, porém, é individualista. Seu compromisso não é com uma nação, mas com o seu leitor. Por isso, é importante para ele que seus personagens possam projetar identificação não pelos leitores de uma nação apenas, mas por qualquer ser humano. É por isso que um romance inglês, francês ou alemão vão fazer sucesso em vários outros países: porque neles não se reconhece os conflitos que envolvem uma nação, mas os conflitos que envolvem qualquer ser humano. A conquista do herói romântico é individual, e, ao mesmo tempo, representa a satisfação do objetivo de qualquer pessoa. Peri, por exemplo, tem como único objetivo, em O Guarani, conquistar Cecília. É uma conquista individual, apenas, mas que representa o anseio de qualquer pessoa, de conquistar o amor de quem se gosta.

Sabendo disso, vamos aos elementos da obra e seu enredo.

1. Tempo: cronológico, em 1604, durante o período em que Portugal perde a independência política e forma a União Ibérica com a Espanha.

2. Espaço: estado da Paraíba, às margens do Rio Paquequer, afluente do rio Paraíba.

3. Narrador: onisciente, em 3ª pessoa.

4. Enredo: No início do século XVII, um dos fundadores do Rio de Janeiro, o fidalgo português D. Antônio de Mariz, em protesto contra a dominação espanhola (1580-1640), estabelece-se em plena floresta, construindo um verdadeiro castelo medieval, onde mora com sua família. Junto à sua casa, vive um bando de mais ou menos quarenta aventureiros. Estes homens entram no sertão, fazendo o contrabando de ouro e pedras preciosas e deixam-lhe um percentual.
Deles destacam-se dois: Álvaro de Sá, que ama respeitosamente Cecília ( e é amado por Isabel), e Loredano.
Um dia, Cecília é salva pelo índio Peri, um jovem cacique. Peri passa a viver então junto a eles, numa pequena cabana, pois tivera uma visão de Nossa Senhora, a qual lhe ordenara que a servisse e Ceci tinha as mesmas feições da Virgem Maria. Ceci sente medo do índio, mas depois de vários feitos que demonstram a devoção do índio percebe seu espírito nobre ("É um cavalheiro europeu no corpo de um selvagem").
Certo dia, por acidente, D. Diogo mata a filha do cacique dos aimorés. Os aimorés ("povo sem pátria e sem religião") querem vingança, exigindo em troca a vida de Ceci.
Peri, fiel aos portugueses, parte para o acampamento dos inimigos. Lá é preso e levado para o ritual antropofágico, mas ingere então poderosa dose de curare, um veneno terrível, pois, assim, quando os selvagens o devorassem, morreriam todos. É resgatado por Álvaro de Sá e diante da exigência de Ceci que ele tente se salvar, vaga pela floresta até encontrar o antídoto.
Loredano se amotina com os capangas e planeja matar toda a família, mas é desmascarado por Peri. Sem alternativa de resistência, D. Antônio chama o índio e diz que, se este se tornasse cristão, lhe confiaria a filha para que tentasse levá-la à civilização. O herói aceita e foge então com Ceci para o rio Paquequer onde escondera uma canoa. Ouve-se uma grande explosão.

Elemento de destaque na obra: o papel de índio
A leitura de O guarani seria superficial sem uma reflexão sobre a ideologia sobre a identidade indígena apresentada na obra. Há três elementos indígenas no texto de Alencar, que vão se chocar ideologicamente, representando aquilo que a sociedade do século XIX vai aceitar e condenar, ou seja, refletindo o que se entendia que seria o bom índio, que deve ser aceito, e o índio mau, que deve ser rejeitado. Veja só:

*Peri: protege Cecília, torna-se cristão, volta-se contra os povos indígenas, abandona a floresta (mas não se atreve a ir à cidade).
*Isabel: permanece sempre ao lado dos brancos, civilizada.
*Aimorés: antropófagos, vingativos, terríveis, devem ser mortos.

Assim, o índio aculturado, que vive com os brancos (como Isabel) ou que é a eles subserviente (como Peri é, de forma até religiosa, a Cecília), são os bons índios, por cuja felicidade e sucesso o leitor é levado a torcer. Já o índio "in natura", não aculturado, é o vilão perigoso, que deve ser morto porque é ameaçador. O índio que não sente necessidade de ser como branco ou estar junto a ele é rejeitado na obra e não há mal nenhum em sua morte, afinal ele não passa de um selvagem.

Esta ideologia é fruto histórico do apagamento das marcas de identidade do nosso indígena na literatura brasileira. O índio que começa o Quinhentismo, em sua cultura, alvo de admiração e preconceito, ao mesmo tempo, no Arcadismo se transforma no índio que precisa do homem branco para ser salvo (dos jesuítas, em O Uraguai, ou do pecado e do paganismo, em Caramuru) e, finalmente, no Romantismo, é o índio que se despe de sua cultura por ter um caráter naturalmente bom, e, por isso, é um ser civilizado, com quem se pode conviver harmoniosamente. Aquele que não se encaixar neste perfil é mau, é rejeitado pelo leitor, e terá seu fim trágico assegurado na obra.

Bom, é isso. Espero que ajude a leitura da obra.
Boas provas!

13.6.07

Identidade Nacional - A crítica social no Romantismo

Meus monstrinhos do pântano lindos!!!!

Ainda não completamente boa da tendinite, dormindo cinco horas por noite, terminando de reformular umas coisinhas lindinhas da nossa fofíssima prova semestral, volto aqui para deixar o último conteúdo visto em slide e que estava faltando aqui: a crítica social da geração abolicionista do Romantismo.

Para começar, lembrem-se que esta geração também se chama condoreira, em decorrência das referências constantes às aves de grande altitude (o condor em especial pela imponência e por ser uma ave sul-americana), que vêem melhor do que os outros animais. Como todo bom romântico, o pessoal da 3ª geração ainda "se acha". E se acha especial exatamente como estas aves: eles acreditam que enxergam melhor que os outros seres humanos, pois eles percebem os defeitos da sociedade e hasteiam a bandeira de luta para que as desigualdades sejam combatidas. Essa bandeira é justamente hasteada através da arte, um instrumento de modificação social, na perspectiva deles.

Outro nome para este mesmo grupo de escritores é geração hugoana, nome que se refere a Victor Hugo, grande escritor francês que inspira os nossos poetas. A grande obra prima de Victor Hugo é o romance Os miseráveis. Em sua produção se destaca também O corcunda de Notre-Dame. Ambas as obras defendem os excluídos da sociedade.

Essa preocupação social dos românticos da 3ª geração faz com que eles superem, em parte, o egocentrismo que marca o seu movimento literário. Em parte porque, embora os problemas dos outros (no Brasil, a vida sofrida dos escravos) se tornem mais importante do que os problemas pessoais dos autores, e embora eles procurem produzir uma arte engajada em causas sociais, eles ainda se percebem como o poeta-gênio iluminado por Deus e superior aos outros homens, único ser a ver as coisas como ela realmente são e destinado pelo seu dom a modificar o mundo.

Vimos em sala, também, sobre Castro Alves (1847 – 1871) que:

* O poeta dos escravos é baiano de nascimento e estudou Direito em Recife e São Paulo.
* Produziu poesia lírica e social (Espumas Flutuantes e A cachoeira de Paulo Afonso), poesia épica (Os escravos) e teatro (Gonzaga e a Revolução de Minas).
* Faleceu aos 24 anos em decorrência de um tiro no pé.
* Usa uma linguagem grandiosa:
**Gosto acentuado pelas hipérboles (exagero)
**Presença constante de espaços amplos (mar, céu, infinito, deserto)
**Grande carga emocional na denúncia dos problemas sociais (manifesta principalmente através de exclamações e de interjeições).

Para terminar, fiquem com um dos textos deste autor que foram lidos em sala. Mais textos dele estão disponíveis nos dois livros didáticos indicados no início do ano e na internet. As obras completas de Castro Alves, por exemplo, vocês podem encontrar no site Jornal de Poesia (recomendo muito!)

Navio negreiro (excerto)

III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...


Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...


Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!


E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...

Fazei-os mais dançar!..."

6.6.07

Identidade nacional - A crítica social no Arcadismo

Olá, pequenos gafanhotos!

De volta a essa vida de nerd! Meu fofíssimo voltou da manutenção aparentemente lindo, cheiroso, novinho e sem danos! Espero que sem dano nenhum mesmo, mas não tem nem como confirmar por enquanto. Bora ver.

Aproveitem esse lapso da greve para estudar. Provavelmente as datas dos simulados estarão mantidas então botem pra quebrar nos estudos daqui pra segunda. E moderação no São João da Capitá: pouco sono e muito quentão fazem mal aos neurônios!

Vamos ao que interessa: devido à minha crise desinformatizada eu não consegui postar os slides da aula de Arcadismo. Aqui estão: divirtam-se! Vou esperar um pouco e amanhã eu posto os slides da aula sobre a 3ª geração do Romantismo e os trechos de texto. E no fim de semana fica a vez para o gabarito da ficha de revisão (quem não recebeu ainda vai receber, ok?)

Beijinhos e até o retorno!


A crítica social do século XVIII - Cartas chilenas e a Inconfidência Mineira

O contexto histórico de Portugal pós-União Ibérica não era dos mais promissores. Embora as idéias iluministas tenham finalmente chegado ao governo português, a estagnação econômica do país durante a regência espanhola deixou o Tesouro português em maus lençóis. O rei D. José I e seu primeiro-ministro, Marquês de Pombal, ambos no governo de 1750 a 1777 bem que tentaram a modernização do país, através de um governo déspota, mas o fato é que Portugal perdera, então, completamente, o brilho conquistado duzentos anos antes. Marcam o contexto português:

•D. José assume o reino e nomeia como primeiro-ministro o Marquês de Pombal (de 1750 a 1777).
•Despotismo esclarecido português.
•Destruição de Lisboa em terremoto (1755)
•Reformas de tendência iluminista. Expulsão dos jesuítas.
•Morte d D. José, queda de Pombal. Regência de Maria I, a rainha louca.


No Brasil, a situação também não é das melhores. As ruínas econômicas de Portugal se refletem diretamente na exploração que a corte aristocrática da Metrópole faz das riquezas da colônia. E tendo sido feita, na colônia, a descoberta de ouro, a exploração portuguesa, para manter o luxo e a pompa de sua elite, se fez sentir de forma cada vez mais sufocante. A insatisfação dos colonos foi se tornando cada vez mais inquietante e não tardou então para que os ideais democrátricos iluministas, que fundamentaram a Independência dos EUA (1776) e a Revolução Francesa (1789) se fizessem sentir aqui também. Infelizmente, nossa Conjuração Mineira (1789) foi sufocada antes de se efetivar qualquer manobra revolucionária.
Fizeram parte do contexto histórico brasileiro:

•Exploração do ouro na região de Minas Gerais.
•Urbanização do sudeste.
•Progresso econômico, advindo da necessidade administrativa.
•Esgotamento das Minas.
•“Arrocho” econômico: cobrança de pesados impostos para a ostentação da corte portuguesa. Derrama.
•Insatisfação social. Formação de grupos de discussão intelectual.
•Formação de um sistema literário brasileiro.
•Inconfidência Mineira (1789)

Neste contexto de insatisfação, a literatura se firma, como aconteceu no século anterior, como instrumento de manifestação da criticidade de seu povo. Agora, porém, há uma conquista que precisa ser assinalada: enquanto no Barroco temos a expressão de dois gênios individuais, em manifestações literárias esparsas, no Arcadismo constituem-se, finalmente, as três bases para a consolidação do nosso sistema literário: público consumidor, grupo de autores que compartilham ideais estéticos e circulação efetiva de textos literários escritos nas comunidades. No tocante à produção crítica quanto à nossa identidade, esses textos escritos são justamente os treze poemas que compuseram as Cartas chilenas, escritos por Tomás Antônio Gonzaga.
Sobre Gonzaga, não esqueça:

•Filho de um magistrado brasileiro, nasceu em Porto, Portugal. Retornou ao Brasil aos sete anos.
•Estudou com os jesuítas, na cidade da Bahia até os dezessete anos, quando volta a Portugal para estudar Direito em Coimbra.
•Ocupou importantes cargos jurídicos em Vila Rica.
•É o autor dos poemas líricos de Marília de Dirceu.
•Preso pelo envolvimento na Conjuração Mineira, ficou três anos detido numa prisão no Rio de Janeiro e depois foi condenado a dez anos de degredo em Moçambique.
•Casou-se com a filha de um rico traficante de escravos moçambicano e dada a influência do sogro voltou a ocupar postos importantes na burocracia portuguesa.
•Morreu no continente africano.

Sobre as Cartas chilenas, lembre-se de que:

• São a compilação incompleta de 13 poemas satíricos que circularam entre 1787 e 1788.
•O autor usa o pseudônimo Critilo e se dirige a Doroteu (identidade atribuída a Cláudio Manoel da Costa) criticando Fanfarrão Minésio (o governador Luís da Cunha Meneses).
•A maior importância deste texto é o painel social e político que ele descreve. Assim como a sátira de Gregório de Matos no século XVII, Gonzaga nos mostra a fragilidade da estrutura política colonial e os abusos praticados pelo governador da capitania de Minas.


Para não confundir as Cartas chilenas com a sátira de Gregório de Matos, fique atento aos seguintes aspectos:

•Os poemas que compõem as cartas chilenas são anônimos. Gregório declamava seus textos publicamente.
•Gregório faz uso de textos curtos, como o soneto. A estrutura das Cartas chilenas é de um poema longo, sem estrofação e com muitos versos brancos.
•O Boca do Inferno fazia uso de palavras de baixo calão em muitos de seus textos, além de ridicularizar quem criticava por seus defeitos. O texto de Gonzaga é sóbrio na linguagem e na crítica, embora também faça ataque pessoal.


Para terminar, os dois trechos que vimos em sala:

A lei do teu contrato não faculta
que possas aplicar aos teus negócios
os públicos dinheiros. Tu, com eles,
pagaste aos teus credores grandes somas!
Ordena a sábia Junta que dês logo
da tua comissão estreita conta;
o chefe não assina a portaria,
não quer que se descubra a ladroeira,
porque te favorece, ainda à custa
dos régios interesses, quando finge
que os zela muito mais que as próprias rendas.
Por que, meu Silverino?


***********************************************
Agora, Fanfarrão, agora falo
contigo, e só contigo. Por que causa
ordenas que se faça uma cobrança
tão rápida e tão forte contra aqueles
que ao Erário só devem tênues somas?
Não tens contratadores, que ao rei devem
de mil cruzados centos e mais centos?
Uma só quinta parte que estes dessem,
não matava do Erário o grande empenho?
O pobre, porque é pobre, pague tudo,
e o rico, porque é rico, vai pagando
sem soldados à porta, com sossego!
Não era menos torpe, e mais prudente,
que os devedores todos se igualassem?
Que, sem haver respeito ao pobre ou rico,
metessem no Erário um tanto certo,
à proporção das somas que devessem?
Indigno, indigno chefe! Tu não buscas
o público interesse. Tu só queres
mostrar ao sábio augusto um falso zelo,
poupando, ao mesmo tempo, os devedores,
os grossos devedores, que repartem
contigo os cabedais, que são do reino.